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Irmãos Led

A noite inteira sentados num banco do bar mukifento, ficavam os dois filhos idiotas do matrimônio Jimi & Page. Tinham a língua entre os lábios, os olhos estúpidos vazios e se voltavam com a boca aberta.
Quando o som da banda inglesa Led Zeppelin rolava no toca discos do bar, os idiotas faziam festa. A princípio, o som alucinante chamava sua atenção e, pouco a pouco, seus olhos se animavam: riam finalmente estrepitosos, congestionados pela mesma hilaridade ansiosa, contemplando o som com uma espécie de alegria bestial..
Os ruídos violentos sacudiam desta forma sua inércia e então corriam, mordendo a própria língua e bramando, ao redor do bar. Contudo, quase sempre estavam apagados, imersos na profunda letargia do idiotismo, e passavam toda a noite sentados em seu banco, com as pernas suspensas e quietas, empapando a calça de uma saliva grossa.
Numa noite de inverno o bar do fontes recebeu a visita ilustre de Sir Jack Dino e sua guitarra elétrica. O evento canalizou toda legião de fãs do bom rock and roll do vilarejo para dentro do bar do Fontes.Seu Fontes corria para todos os lados tentando achar espaço para por mais clientes.
As duas pobres bestas, sacudidas, brutalmente empurradas, foram para seu banco.
Porém o olhar dos idiotas havia se animado. Uma mesma luz insistente estava fixa em suas pupilas. Não afastavam os olhos da guitarra V de Jack Dino, enquanto uma crescente sensação de gula bestial ia transtornando cada linha de seus rostos. Lentamente avançaram até o palco.
Jack executava seu solo e os idiotas faziam capela, uma chuva de saliva encharcava o chão do mukifu enquanto Jack alcançava acordes cada vez mais agudos. Os idiotas começaram então a desafiar os acordes agudos da guitarra amplificada de Jack, com seus uivos demoníacos.
No bar um silêncio fúnebre se estabeleceu entre os solos e os uivos, Jack percebeu que estava na encruzilhada, que o cão veio finalmente cobrar sua alma, humilhar na frente de uma legião de fãs, por duas bestas enviadas pelo cão.
Jack tirou o cigarro da boca e tomou um gole cheio do hi fi de fanta laranja, alisou o bigode e enfrentou as feras performaticamente, atirou a guitarra em cima do ombro e solou de costas levando o publico ao delírio. As bestas berravam até as veias do pescoço dilatarem, o rosto ficar roxo e a saliva virar merengue.
Jack olhou nos olhos do Led mais velho e alcançou o copo de hi fi pro garoto.
- Deus salva mas o rock alivia!

Seu Fontes

Escorado no balcão e fazendo malabarismo com um palito de dentes na boca (palito que sempre volta para o paliteiro após o show), seu Fontes mira para o nada da lente dos óculos embaçados de gordura, como um gladiador atrás de sua máscara de ferro.
O proprietário do bar do rock não se importa com a música que rola no seu estabelecimento comercial e muito menos com o volume ensurdecedor.
está muito longe pra se preocupar com essas coisas insignificantes como, por exemplo, os clientes!
Mukifu’s bar do rock é uma prostituta explorada, em decadência, suja e mal tratada pelo dono.
Mas seu Fontes tem na mente o planejamento estratégico do negócio como um mapa que pensa o levará ao tesouro escondido. Como um general com influências zen budistas, confucionista e xintoísta, traça seus embates para o armagedon com a rede de sanduíches norte americana.
- Fontiiisss traz logo essa cervejaaaaaaa-suplica um cliente roxo de tanto berrar.
Fontes pega uma cerveja no freezer pela tampa para não congelar e serve num copo de plástico suspeito.
Desejando uma morte bem lenta e sofrida para o cliente.

Nunca utilize o banheiro do Mukifu's

A cerveja sempre gelada é o ponto maximo do mukifu's e nisso você pode confiar!
Os personagens que habitam o bar são ricos em histórias e atitudes e dão a vida por seus ídolos da cena roqueira dos anos 50,60 e70.
Já o banheiro nunca foi limpo, dizem que existe um vômito de dinossauro atrás do vaso, mas nunca ninguém teve coragem de verificar!
Há registros de que numa noite de verão um desavisado após tomar algumas dúzias de cervejas pediu um croquete e alucinou após ingerir o alimento. Posteriormente desapareceu no banheiro do Mukifus e nunca mais apareceu.
O barman do Mukifus atende pelo pseudônimo de seu Fontes, sujeito magrelo com um bigode fino que contorna o lábio superior erroneamente.
Ele nunca atende um cliente sem ser chamado pelo menos umas dez vezes, mantém sempre um ar que vai do arrogante ao menosprezo e quase embute a garrafa na mesa de lata torta quando leva a ceva até o cliente.
Se você ainda esta aí, beleza, puxa uma cadeira e começa a berrar por uma cerveja e bem vindo ao buteko!